E se nos mantivermos conectados, sem WiFi?, por Susana Morais, do blog Oh Mamã

Estamos em 2025, e é provavelmente impossível passarmos num parque de crianças, ir jantar fora, dar uma volta num centro comercial, ou andar de transportes públicos, sem ver uma (várias) criança com um telemóvel na mão.

É certo que vivemos num mundo de tecnologia, mas o mundo deles antes disso não é o de ser criança?

Cada vez mais, nós pais, temos uma vida demasiado preenchida, culpamos a falta de tempo, mas na nossa altura os nossos pais brincavam mesmo conosco? Ou tínhamos que inventar brincadeiras em que muitas vezes até fazíamos várias personagens? Será que temos mesmo que ser nós pais a entreter os nossos filhos? Ou isso não será trabalho da imaginação deles? Imaginação que estamos sempre a bloquear quando lhes passamos um telemóvel para a mão?

O que vai ser do nosso mundo se não tivermos crianças que vão no carro a inventar histórias com a paisagem que vêm, ou a fazer jogos com os pais, enquanto estes conduzem. Crianças que fazem tendas na sala , e imploram para dormir lá nessa noite? Crianças que brincam com animais e desenvolvem uma enorme relação. Crianças que fazem comida com terra, experiências com farinha? E que no fim aprendem a limpar, ou levam com a mãe chateada pela desarrumação? Até, este ralhar da mãe faz falta! Será mesmo que o ideal são crianças agarradas a écrans em que se funciona tudo à base do sim? E do zero trabalho?

Que recordações terão da sua infância, estas crianças se em vez de viver, ficam a ver vídeos de outras pessoas a viver?

Que relação constroem com os pais, se quando estão agarrados às tecnologias nem pestanejam quanto mais dialogar com a família?

E os adultos?

Quantos existem de telemóvel na mão também, em que uma criança tem que repetir mais que uma vez até os pais perceberem que é com eles e finalmente o ouvirem? E as vezes em que perguntam :

- Viste o meu pino pai? Consegui! - e o pai não viu porque estava a ver um vídeo viral?

Viemos a esta vida para viver, para explorar, para criar conexões .. não seria triste perdermo-nos no virtual? No final, valerá a pena? iremos recordar todas as vezes que passamos horas no telemóvel, a fazer scroll? Ou lamentaremos tudo aquilo que ficou por viver por isso?

O tempo passa rápido, e a infância ainda mais, e não se recupera.

Por outro lado tem um efeito prolongado na nossa vida, por isso é importante escolher como queremos que seja vivida!

Susana Morais, do blog Oh Mamã