Se há uma parte do corpo que é mais solicitada do que qualquer outra durante a prática de Yoga, é a coluna vertebral.
Para o Yoga, a coluna vertebral não é apenas um conjunto de vértebras, ela é o eixo central da prática de Yoga, pois desempenha um papel extremamente importante e toda a sua estrutura é estudada em cada postura para optimizar as suas funções de apoio e de alinhamento do corpo.
Como praticante e professor de Yoga, rapidamente reconheci a existência de ligações entre a coluna vertebral e os membros do corpo. Aprendi, por exemplo, que qualquer acção realizada pelos pés ou pelas pernas tem efeitos na coluna vertebral. Aprendi também sobre a própria forma da coluna vertebral, que tal como uma impressão digital, é única: não há duas colunas vertebrais idênticas, e cada um deve ter um conhecimento profundo do funcionamento da sua própria coluna vertebral, se assim quiser utilizá-la correctamente, não só na prática, mas também na vida quotidiana.
Numa pessoa adulta normal, a coluna vertebral deverá apresentar 4 curvaturas bem definidas, que permitem sustentar o corpo e todos os outros sistemas do corpo, e ao mesmo tempo, fornecer a flexibilidade necessária para todos os movimentos dinâmicos do tronco em toda a sua amplitude, sem que exista restrição, dor ou desconforto. Mas, infelizmente, poucas pessoas no mundo actual lhe prestam a devida atenção e a frequência cada vez maior de problemas observados na coluna vertebral nos dias de hoje atesta também um outro facto: a estrutura muscular da coluna vertebral enfraquece com o sedentarismo e a idade, e as dores de costas são sintoma de uma disfunção que afecta todo o tronco.
Em traços gerais, a coluna vertebral é composta por 33 vértebras, dispostas verticalmente umas sobre a outras e que podem ser divididas em cinco segmentos que não têm a mesma amplitude de movimento, pois alguns são mais fáceis de movimentar que outros, uma vez que a forma e dimensão das vértebras influenciam as possibilidades de acção das diferentes regiões da coluna vertebral. Esses segmentos incluem 4 vértebras coccígeas unidas entre si formando o cóccix, 5 vértebras sacrais independentes à nascença, mas que se unem entre si por volta dos 25 anos de idade, dando origem ao sacro, 5 vértebras lombares, 12 vértebras torácicas e 7 vértebras cervicais. Entre uma vértebra e outra, existe um disco intervertebral que funciona como elemento absorvente dos impactos e de livre movimentação das vértebras.
No Yoga, para falar dos movimentos da coluna vertebral, utilizamos como referência uma posição anatómica básica muito intuitiva, que é a do corpo em pé com o tronco na vertical, depois visualizamos um eixo que passa verticalmente pelo tronco, que é utilizado para definir a direcção do movimento do tronco, e assim, o corpo apresenta uma parte anterior, uma parte posterior e duas partes laterais.
Os movimentos possíveis do tronco (como um todo) são, em relação à posição anatómica básica: flexão - o tronco inclina-se para a frente e lateralmente em relação ao seu eixo central; extensão - o tronco inclinase para trás em relação ao eixo central; e rotação - o tronco efectua uma rotação em torno do eixo central.
Durante a prática de Yoga, qualquer que seja a direcção dominante da coluna vertebral nas posturas, é dada especial atenção ao seguinte: o espaço entre as vértebras deverá ser cuidadosamente preservado para evitar qualquer compressão vertebral, para que esta se mantenha saudável; e que a coluna vertebral está constantemente sobre e contra a força da gravidade (excepto durante a técnica de descontracção).
O Yoga atribui à coluna vertebral um papel determinante, a nível energético e subtil.
É, sobretudo, um canal energético que condiciona a própria existência humana: é através deste canal vertical que a energia ígnea da kundaliní deverá ascender e activar centros energéticos específicos situados ao longo da coluna vertebral, vulgarmente conhecidos como chakras. Todas as modalidades de Yoga (mas mais especificamente as de tradição tântrica), têm como objectivo desencadear essa energia vital (kundaliní), desenvolver o corpo subtil e levar o ser humano a um estado expandido de consciência denominado samádhi. Portanto, o Yoga é um caminho para desenvolver todo o potencial latente que já se encontra em cada um de nós. É isso que significa “despertar a kundaliní”.
Podemos então concluir que uma coluna vertebral forte, estável, flexível e que facilmente se adapta a diferentes situações, é fundamental, caso contrário, prejudica o normal funcionamento fisiológico dos órgãos internos, causa dificuldades na respiração e impede o fluxo da energia vital.
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