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Alzheimer, por Maria João Andrade

A Doença de Alzheimer (DA), é uma doença neurodegenerativa, em que as alterações e destruições do tecido nervoso são graduais e progressivas, iniciando-se a partir de um momento indeterminado da vida adulta. Consequentemente, as suas manifestações são a principio insidiosas e escapam muitas vezes às pessoas que convivem com a pessoa doente.

A pessoa com DA vai perdendo progressivamente capacidade de introspeção e crítica e vai negando ou minimizando as suas incapacidades, às vezes até, com recurso a justificações como “ando mais cansado porque tenho dormido pouco”. Qualquer pessoa pode desenvolver a DA, no entanto, é mais comum acontecer após os 65 anos. A taxa de prevalência da demência aumenta com a idade. A nível mundial, a demência afeta 1 em cada 80 mulheres, com idades compreendidas entre os 65 e 69 anos, sendo que no caso dos homens a proporção é de 1 em cada 60. Nas idades acima dos 85 anos, para ambos os sexos, a DA afeta aproximadamente 1 em cada 4 pessoas

À medida que as células cerebrais vão sofrendo uma redução, de tamanho e número, formam-se tranças neurofibrilhares no seu interior e placas senis no espaço exterior existente entre elas. Esta situação impossibilita a comunicação dentro do cérebro e danifica as conexões existentes entre as células cerebrais. Estas acabam por morrer e isto traduz-se numa incapacidade de recordar a informação. Deste modo, conforme a doença de Alzheimer vai afetando as várias áreas cerebrais vão-se perdendo certas funções ou capacidade.


A DA, passa por várias fases, sendo elas:


Fase inicial

As falhas de memória são os primeiros sintomas. O doente começa a ter cada vez mais dificuldade em se recordar de fatos recentes, embora se lembre de eventos antigos, como a sua data de nascimento e quem estava presente, ou como por exemplo, fazer uma viagem e não se recordar que a fez.

A Desorientação não é rara. São muitas as situações que a pessoa se perde na rua, primeiramente em locais que não conhece muito até locais familiares. Precocemente perde a noção do tempo, confundindo meses, o ano e depois o dia da semana.

Alterações da linguagem, que inicialmente passa pela dificuldade de nomeação, ou seja, a dificuldade em acertar com o nome das coisas – afasia nominal. O discurso também se torna impreciso, perdendo o fio à conversa e divaga sem saber voltar ao ponto em que estava. O pensamento torna-se ais concreto, com dificuldade em entender provérbios.

Dificuldade na resolução de problemas. A capacidade de resolver problemas perde-se rapidamente. O doente tem dificuldades em fazer cálculos, confunde preços e toma decisões erradas.

Alterações de personalidade. Vão-se notando com mais egocentrismo, desinibição, embotamento no sentido ético. Há a perda da compostura habitual, comentários desadequados e termos impróprios sem notar o efeito que provoca nos outros.

Vida social. Esta vai-se tornando caótica, desprendendo-se das suas obrigações sociais.

Arranjo Pessoal. A pessoa torna-se, cada vez mais, despreocupada pelo vestir e higiene, não muda de roupa, esquece ou não quer lavar-se e a própria casa torna-se desarrumada e suja.

Perturbações de humor estão presentes na maioria dos casos. Ansiedade, insegurança, humor pessimistas, exteriorizando casualmente frases como “ao que eu cheguei”. A depressão pode-se instalar com gravidade, crises de choro e falar em se matar.


Fase Mais Avançada

Com a passagem do tempo, as alterações cognitivas vão-se acentuando e acabam por impedir qualquer forma de autonomia pessoal. As fases mais relevantes são:

Apraxia – dificuldade de organizar atos motores intencionais (abrir uma porta ou vestir-se, por exemplo)

Agnosia – dificuldade em interpretar uma informação sensorial, levando à incapacidade em reconhecer objetos ou lugares, cheiros, etc.

Afasia – esta acentua-se e a linguagem fica mais restrita a poucas palavras, perdendo a capacidade, aos poucos, de comunicar.

Distorções percetivas e alucinações não são raras. O doente vê objetos que não existem ou diz que há intrusos dentro de casa. Muitas vezes, a casa onde vive não a identifica como sendo dele e diz que foi raptado.

Fenómenos delirantes. O doente acredita estar a ser roubado, que o querem eliminar, notando-se mais este tipo de comportamento em pessoas que anteriormente já tinham alguma tendência paranóide. Ficam mais agitados, hostis, com atitudes de agressividade, gritos e até violência. A deambulação é uma das formas particulares de agitação, em que o doente se desloca pela casa permanentemente ou sai mesmo para o exterior, colocando-se em perigo.

Perturbações do ritmo sono-vigilia. O ritmo e entre o sono e a vigília altera-se com a tendência a estar desperto durante longas horas durante a noite e a dormir superficialmente por curtos períodos durante o dia.


Fase Terminal

Com o avanço da doença, a agitação diminui e a inércia aumenta. O doente entra em total mutismo e raramente dá sinal de reconhecer as pessoas. A alimentação torna-se difícil e a incontinência, se não surgiu antes, instala-se agora. A postura ereta perde-se, há atrofia muscular, assim como paralisia e contraturas. Infeções repiratórias ou urinárias, obstipação acentuam-se. Por fim, deixa de reagir a estímulos a sua vida torna-se praticamente vegetativa.


Até à presente data não existe cura para a Doença de Alzheimer. No entanto, existem algumas medicações que parecem permitir alguma estabilização do funcionamento cognitivo nas pessoas com Doença de Alzheimer, nas fases ligeira e moderada.

Os medicamentos também podem ser prescritos para sintomas secundários, como inquietude e depressão, ou para ajudar a pessoa com Doença de Alzheimer a dormir melhor.

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