Quantas vezes já vimos pessoas a fazerem movimentos “estranhos” com a cara ou corpo ou a fazerem barulhos sem nexo ou fora de contexto? Quantas vezes já dissemos em pensamento “aquela pessoa deve ser maluquinha para estar a fazer aquelas caretas ou aqueles barulhos!!” Esta pessoa não tem estes tiques porque quer! Ela tem uma doença!
Estes tipos de comportamentos e sons são
chamados de Síndrome de Tourette.
A síndrome de Tourette foi descrita pela primeira vez no século XIX pelo neurologista francês George Gilles de la Tourette.
Trata-se de uma perturbação neurológica caracterizada pela presença de tiques (motores) e vocalizações (tiques vocais) sem sentido e fora de contexto, involuntários, rápidos e recorrentes, normalmente de forma crónica, o que significa que tem uma duração superior a um ano.
Esta Síndrome surge geralmente antes dos 18 anos de idade (entre os quatro e os seis anos, aumentando de gravidade até à pré-adolescência), sendo mais frequente nos homens que nas mulheres. A maioria dos tiques tende a desaparecer, no entanto, podem persistir até à idade adulta em cerca de 1% dos casos.
As causas desta doença não são totalmente conhecidas. Acredita-se que a hereditariedade seja um fator importante no desenvolvimento da Síndrome de Tourette, ou seja, haja uma componente genética e de anomalias em neurotransmissores cerebrais, em especial da dopamina. Em situações de stress e/ou cansaço, os tiques tendem a piorar.
Os principais sintomas são:
Piscar repetidamente os olhos
Fazer caretas
Mover a cabeça de um lado para o outro
Tossir, pigarrear, fungar ou cuspir
Encolher ou sacudir os ombros
Esticar os braços, estalar os dedos, bater palmas ou fazer outros movimentos com os braços e as mãos
Chutar, saltar, rodar, torcer-se ou fazer outros movimentos com os pés e as pernas
Repetir determinadas palavras
Dizer palavrões (coprolalia) ou fazer gestos obscenos
Gritar, gemer, assobiar, grunhir ou emitir outros sons
Sendo a Síndrome de Tourette uma doença em que não se conhecem as causas, também não se conhecem tratamentos de cura, no entanto, pode ser tratada com o objetivo de melhorar/controlar os seus sintomas, de forma a suprimir os tiques que interferem nas atividades ou na autoimagem das crianças.
Há medicamentos que ajudam a controlar os tiques, como os ansiolíticos ou neurolépticos, contudo, alguns estudos clínicos têm vindo a demonstrar que a terapia cognitiva-comportamental é de extrema importância como tratamento de reversão de hábitos.
Por outro lado, e uma vez que se sabe que os tiques pioram em situações de stresse, as atividades como o yoga ou a meditação podem ser úteis para ajudar no controlo da doença.
Não existe uma fórmula mágica para lidar com a Síndrome de Tourette e isto aplica-se, quer às pessoas afetadas, quer à família. No entanto, há alguns conselhos que podem ser dados, por forma a adquirir estratégias de ajuda. Assim, procurar a ajuda de especialistas e profissionais com experiência e informar e envolver os professores e a equipa pedagógica de forma a diminuir o impacto dos tiques a nível escolar, é muito importante.
Os castigos são escusados.
É preciso entender que as crianças não têm culpa dos seus tiques.
Podem até conseguir suprimi-los momentaneamente, mas estes acabam por manifestar-se depois com ainda maior intensidade.
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