Após o bebé nascer, o nosso corpo não volta logo ao normal. As alterações foram ocorrendo durante 9 meses, por isso o retorno leva igualmente o seu tempo. No entanto, algumas dessas alterações têm períodos de tempo em que devem ocorrer. E devemos estar atentas!
Uma das grandes alterações que incomoda é a barriga!
Uma barriga protuberante característica de muitas mulheres que foram mães, inclusive aquelas com peso normal, é na verdade uma condição médica que tem nome: diástase do reto abdominal.
Enquanto professora, tenho observado ao longo dos anos, que a diástese é algo desconhecido para as mulheres. Não têm noção do que é, se a têm ou não, e simplesmente aceitam a sua nova barriga…
Mas afinal o que é a diástese abdominal?
O recto abdominal, conhecido pelo famoso six-pack, é um músculo duplo (tem dois lados paralelos) que vai desde o apêndice xifóide (esterno) até ao osso púbico.
Durante a gravidez, o afastamento destes músculos abdominais é inevitável devido ao crescimento da barriga e do bebé. Depois da gestação, estes músculos podem voltar à sua posição original, mas com frequência isto não ocorre: eles ficam estirados, enfraquecidos e separados por uma lacuna de até 5 cm. É a este afastamento que chamamos de diástese abdominal, o qual é a principal causa de flacidez abdominal e dor lombar no pós-parto.
Esta condição não é exclusiva de mulheres no período pós-parto. Pessoas que passaram por uma rápida perda de peso, que levantam pesos exagerados com uma postura incorrecta ou que têm excesso de peso, podem sofrer igualmente desta condição.
Como saber se tenho diástese abdominal?
Desconfiamos de uma diástase se sentirmos a região abaixo do umbigo muito mole e flácida ou observarmos uma protuberância ao longo do abdómen quando levantamos um peso, agachamos ou tossimos.
Esta separação vertical não consegue conter totalmente o estômago e outros órgãos, por isso a barriga de muitas mães tem uma forma peculiar, diferente daquela habitual gordura que se concentra nesta região.
Para nos certificarmos de que é uma diástase abdominal devemos:
Deitar de barriga para cima com as pernas dobradas;Colocar 3 dedos acima do umbigo e com 2 dedos da outra mão pressionar transversalmente o abdominal, ao mesmo tempo que se levanta a cabeça do chão. Fazer o mesmo abaixo do umbigo;O normal é sentir o músculo debaixo dos nossos dedos. Se em vez disso sentir um buraco, tem uma diástese. Se esse buraco tiver um tamanho de 2 dedos (ou mais), é considerado patológico e deverá informar-se.
Consequências
Para além de ter uma barriga que muitos nos perguntam se estamos grávidas, este enfraquecimento do músculo provoca dores de costas, dor pélvica, má postura, disfunções no pavimento pélvico e aumento do risco de hérnia abdominal.
O que fazer?
O tratamento da diástase, no pós parto, engloba exercícios, fisioterapia e/ou cirurgia.
Em muitas mulheres, a diástase resolve-se entre as 6 semanas e 3 meses após o parto, espontaneamente. Pode, no entanto, persistir por mais tempo, ou não resolver sem tratamento. Idealmente, deve falar com o seu médico para ter a certeza do diagnóstico e saber como atuar.
1. Exercícios
Normalmente a primeira abordagem passa por exercícios específicos no sentido de tentar aproximar as duas partes do reto abdominal, bem como reforçar os outros estabilizadores desta região: músculo transverso do abdominal e profundos da coluna e os músculos do soalho pélvico.
Aconselho a ter orientação de um profissional especializado no assunto, uma vez que existem vários exercícios contra-indicados, que poderão agravar a situação. Pilates Clínico e o Método Hipopressivo são duas excelentes ferramentas, com resultados significativos em pouco tempo.
O tamanho e evolução da diástase devem ser vigiados para perceber se está a resolver com as medidas implementadas.
2. Fisioterapia
Conforme a evolução, poderá ser orientada para tratamento de fisioterapia com acompanhamento médico, para instituir um programa mais específico de reabilitação quer do abdómen, quer do pavimento pélvico.
3. Cirurgia
A cirurgia da diástase do reto abdominal, normalmente, é a última abordagem. A falta de resultados em situações bastantes agravadas podem justificar uma abordagem cirúrgica.
Como prevenir?
Previamente à gravidez procurar um personal trainer ou aulas de Pilates Clínico. Deve preparar o seu corpo para a maratona que planeia!
O meu caso
Confesso que a minha barriga nunca me agradou tanto como agora, depois de ter tido o meu bebé! Apesar de ter hábitos de treino há muitos anos, nunca tinha tido AQUELA barriga que tanto queria.
Após o parto (cesariana), mesmo fazendo exercícios específicos, o meu abdominal estava com dificuldade em adquirir a firmeza desejada e necessária (devido aos meus problemas de coluna). A minha osteopata deu-me uma dica maravilhosa e, com algum estudo e prática, descobri a “fórmula mágica”! Curiosa? Sabe onde me encontrar!
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