E agora?! Voltar à rotina pode ser assustador...
Quando o tratamento termina, começa uma nova fase. Esse período pode ser vivido como um misto de sentimentos - se estão presentes a esperança e alegria, também podem surgir outros como o medo, a preocupação e a ansiedade. Algumas dessas preocupações que assolam quem terminou os reatamentos são o receio de reincidências ou pensamentos acerca da Morte e de morrer.
A sobrecarga e os efeitos que o cancro possa ter trazido ao nível social, familiar, profissional e financeiro podem também ser áreas de preocupação nesta fase. Se no resultado do processo, houve um grau de incapacidade associado, que dificulta ou impossibilita o regresso às rotinas e ao trabalho, existirá também a necessidade de um ajuste.
Se as relações pessoais se modificaram – passando a existir uma maior dependência por parte dos outros e uma maior ansiedade dos mesmos em relação a si, entre outros fatores – pode necessitar de refletir acerca das suas expectativas quanto a estes relacionamentos e de as reajustar, bem como reavaliar e repensar papéis no contexto familiar, social e profissional.
Este processo pode ser feito com um saldo positivo – levando-o(a) a perceber que fortaleceu esses relacionamentos – ou negativo – percebendo que alguns aspetos que foram adaptaríeis durante o período de doença se tornaram agora disfuncionais.
E qual o papel do Exercício?
A atividade física depois do diagnóstico está relacionada com a redução do risco de recidivas e melhora genericamente a mortalidade de quem já recuperou de um cancro, incluindo o cancro da mama colorretal e nos ovários.
Uma meta-análise recente demonstra que o exercício nas populações pós-diagnosticadas está associada a uma redução do risco de morte por cancro da mama em 34%, redução do risco em 41% de todas as causas de mortalidade e ainda redução do risco em 24% de uma recidiva.
Em diversos estudos o exercício físico revela a melhoria da qualidade de vida, fadiga, relacionamento psicossocial, depressão e autoestima.
A existência de Linfedema e a probabilidade desta condição se agravar em sobreviventes de cancro foi em tempos uma preocupação que condicionava o treino no período de recuperação. Contudo, foram desenvolvidos diversos estudos que comprovam que recorrer a exercícios de força de resistência para os membros superiores, ou mesmo atividades aeróbias de intensidade vigorosa, não só são seguras para este tipo de população, como permitem reduzir a incidência e severidade do linfedema.
Para a população em geral, a ACS (American Cancer Society) recomenda no mínimo 30 a 60 minutos de atividade física moderada a vigorosa em pelo menos 5 dias por semana. No entanto para uma pessoa que antes do cancro não era ativa isto poderá ser um desafio muito grande, por isso recomendo que façam sessões mais breves, entre 20 a 30 minutos, que iniciem com atividades de intensidade moderada (em último caso leve, se o nível de condição física estiver muito baixo, ou ainda estiver numa fase muito próxima do final do tratamento) - tais como: dança, ciclismo em superfícies planas, ou com poucos momentos de oscilação, canoagem, jardinagem, hidroginástica, etc. – e vão progredindo, em primeira instância na duração das sessões e depois na intensidade das mesmas.
Curiosidade: As actividades de intensidade moderada são também conhecidas como as actividades em que conseguimos falar, mas já não conseguimos cantar, e as actividades de intensidade vigorosa as que conseguimos falar, mas temos de fazer pausas para recuperar o folgo.
Com o objectivo da melhoria da qualidade de vida de doentes com cancro da mama, seus familiares e amigos foi criado um grupo de apoio. Saiba mais aqui.
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