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Endometriose, por Maria João Andrade

O endométrio é uma das camadas que constitui o útero e corresponde ao seu revestimento interno. Durante o ciclo menstrual, o endométrio é regenerado ciclicamente através de um processo de descamação e regeneração. Esta descamação corresponde à menstruação e ela permite a renovação de todos os elementos do tecido endometrial.


A endometriose é uma doença crónica, sem tratamento definitivo. Carateriza-se pela presença de tecido endometrial fora do útero. Como tal, todos os meses, quando ocorre a menstruação, não só sangra dentro do útero, como sangram essas células. Esse sangue tem um efeito inflamatório, ou seja, mensalmente ocorre uma reação inflamatória em todos esses locais, reação essa que vai desencadear um processo crónico que, por sua vez, vai condicionar inflamação, fibrose, aderências…. Pode haver focos no intestino, na bexiga, haver alterações da função renal condicionadas pela compressão dos ureteres. Este processo inflamatório crónico vai resultando em tumores, que apesar de benignos, podem ter repercussões graves. Focos de endometriose mais afastados do útero, como no pulmão, apesar de existirem, são mais raros.

A prevalência da endometriose é de cerca de 10%

da população em idade reprodutiva, aumentando para cerca de 25 a 45% em mulheres com infertilidade, sendo esta doença, uma das causas para tal.

O principal sintoma da endometriose é a dor intensa, sendo esta muito incapacitante e tem um forte impacto nos diversos aspetos da vida da mulher.

A sua forma de apresentação é muito variável dependendo da gravidade da doença e da localização dos focos de endometriose. Essa dor pode surgir associada à menstruação cedendo, inicialmente, ao tratamento com anti-inflamatórios ou com a pílula. À medida que se torna mais intensa deixa de responder a este tipo tratamento. Noutros casos, a dor manifesta-se durante as relações sexuais (dispareunia).


Não há bases científicas que permitam atribuir a endometriose a uma causa específica, mas há um conjunto de fatores que parece estar na sua origem. No plano hormonal, nas mulheres com menarca mais precoce e menopausa mais tardia, isto é, que estão sob a influência dos estrogénios durante um longo intervalo temporal, têm maior propensão para a doença, sobretudo no caso das mulheres com fluxos menstruais muito abundantes. Daí a pílula ter um efeito benéfico neste contexto. Há, ainda, outras situações que podem potenciar a doença, como malformações congénitas a nível uterino


Não sendo possível curar a endometriose, o tratamento deve ser orientado para o alívio da dor e dos outros sintomas, aumentar as possibilidades de gravidez e reduzir os focos de endometriose.

Um dos tratamentos, é a nível cirúrgico e consiste na remoção dos focos de endometriose por laparoscopia. Sempre que possível, tentam-se eliminar apenas esses focos. Se tal não for viável, como sucede nas formas mais extensas, a cirurgia implicará a eliminação dos órgãos pélvicos afetados.


No entanto, por a endometriose ser definida como uma doença crónica, mesmo após a cirurgia, esta pode reincidir. Não se pode, portanto, falar de cura na endometriose.


No que se refere ao tratamento médico, ele consiste no controlo da dor, mediante a utilização de analgésicos, anti-inflamatórios ou terapêutica hormonal.

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