A questão pode parecer simples de responder, mas ainda é motivo de dúvidas para muitas pessoas. A prática regular de exercício físico é sempre benéfica para a saúde, mas a falta de informação, medo e falta de apoio, faz com que muitas mulheres ainda se questionem se devem ou não fazer exercício durante a gravidez. Nos últimos anos, as opiniões têm vindo a mudar em relação a este assunto. Enquanto que há uns anos atrás se dizia que as grávidas não podiam fazer exercício físico, nos últimos 15 anos tem sido recomendado fazer exercício durante a gravidez e, até mesmo, de incluir a atividade física como um dos serviços pré-natais habituais, tal como as análises e ecografias. Obviamente, devemos ter sempre em atenção as limitações e a fase em que a gravidez se encontra, respeitando e cumprindo as devidas precauções.
A gravidez não deve ser encarada como uma patologia.
A gravidez é algo maravilhoso, que provoca alterações a todos os níveis no corpo da mulher. O exercício físico vai ajudar o corpo a manter o seu equilíbrio e harmonia, para que não só este período seja vivido da melhor maneira, mas como o próprio parto e período pós-parto.
É importante nunca esquecer que durante a gravidez a morfologia e organismo da mulher vai sofrendo alterações, logo é crucial adaptar o treino a cada fase de gestação que se encontra, solicitando sempre ajuda de um profissional da área da educação física e autorização médica.
Benefícios fisiológicos:
1. Controlo de peso e diabetes gestacional
2. Melhoria cardio respiratória e força
3. Melhorar a recuperação pós parto
4. Diminui obstipação
5. Fortalecimento pavimento pélvico
6. Aumento da consciência postural
7. Diminui edemas nas zonas periféricas e varizes
8. Menos retenção de líquidos
9. Diminui pressão arterial
Benefícios emocionais:
1. Aumento da auto-estima, confiança, equilíbrio emocional, pró-atividade e bem estar
2. Humor mais positivo, maior apoio social, menor isolamento social, menor depressão, menor stress e ansiedade relacionado com a gestação, melhor imagem corporal
Benefícios para o trabalho de parto:
1. Concentração pessoal
2. Controlo respiratório
3. Resistência muscular e aeróbia
4. Mobilidade articular
5. Controlo do stress e ansiedade
6. Diminui sensação de fadiga
7. Melhora recuperação pós parto e facilidade de retorno à condição inicial
CONTRA-INDICAÇÕES PARA A PRÁTICA DE EXERCÍCIO NA GRAVIDEZ:
1. Doença cardíaca;
2. Doença pulmonar;
3. Patologia cervical;
4. Gestação múltipla (após 30 semanas);
5. Sangramento durante a gestação;
6. Placenta prévia;
7. Trabalho de parto prematuro;
8. Rutura prematura da membrana;
9. Pré-eclâmpsia;
10. Hipertensão não controlada;
11. Anemia;
12. Arritmia cardíaca;
13. Bronquite;
14. Diabetes não controlado;
15. Epilépsia;
16. Doença da tiróide;
17. Desnutrição;
8. Restrição de crescimento fetal;
19. Desenvolvimento intra-uterino anormal ;
20. Doença reumática;
21. Tromboflebite (veias inflamadas com coágulos de sangue).
EXERCÍCIO NA GRAVIDEZ: AS RECOMENDAÇÕES
Segundo a American College of Sports Medicine, o exercício físico antes do parto deve ter em conta as seguintes indicações:
1. Indicações para mulheres não activas:
a. Frequência: 3-4x/semana
b. Intensidade (IMC – indíce de massa corporal = peso/altura*altura):
i. Moderada: IMC inferior a 25
ii. Ligeira: IMC superior a 25
iii. Máxima: não recomendada
c. Duração: Iniciar com 15 minutos por dia e aumento gradual até 30 minutos por dia com intensidade moderada
2. Indicações para mulheres activas:
a. Frequência: Diária
b. Intensidade: 12-14 da escala de Borg (esala de 6 a 20) ou “fala mas não canta”
c. Duração: 150 a 300 minutos por semana
d. Para atletas não estão definidas recomendações, o treino deve ser orientado tendo em conta todas as alterações enquanto grávida e os fatores de alerta
DEVE PARAR O EXERCÍCIO FÍSICO EM CASO DE:
1. Sangramento vaginal;
2. Dor abdominal ou dores no peito;
3. Inchaço súbito nas mãos, face ou pés;
4. Perda de líquido vaginal;
5. Tonturas;
6. Dor de cabeça forte e persistente
7. Palpitações;
8. Redução do movimento do feto;
9. Febre;
10. Dores intensas na zona púbica ou na articulação coxa-femural;
11. Dor ou sensação de ardor ao urinar;
12. Irritação vaginal;
13. Sensação de falta de ar;
14. Temperatura corporal superior a 38º;
15. Náuseas persistentes ou vómitos;
16. Contracções uterinas.
A gravidez é um momento muito especial na vida da mulher. O que acontece dentro de nós é um espetáculo de magia! O que não significa que seja tudo maravilhoso, em todos os momentos… O exercício permite que todas as alterações sejam vividas de uma forma mais gradual, pois são antecipadas num treino planeado, e possibilita um retorno à “forma original” muito mais rápido. O exercício no período pós-parto é igualmente importante! Não só em termos físicos, mas também em termos emocionais.
Nunca nos devemos esquecer que antes de sermos mães, somos mulheres!
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