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Lesionei-me. E agora?


Após haver suspeita de uma lesão é normal ouvir alguém a dizer “mete gelo” ou “toma um anti-inflamatório”.

No entanto, será esta a melhor abordagem?

Para responder a esta pergunta vou, em primeiro lugar, explicar o que acontece no nosso corpo após uma lesão, e depois vou falar de duas abordagens que existem para lidar com as lesões.

Ora bem, então como é que o nosso corpo responde a uma lesão? De uma forma simples, essa resposta divide-se em 3 fases:

1. Fase inflamatória – Esta fase é caracterizada pelos 5 sinais cardinais da inflamação: calor, rubor, edema/hematoma, dor e incapacidade funcional (Allen, Sun & Woods, 2015). O objectivo desta inflamação é aumentar a circulação no local da lesão de modo a levar para lá um maior número de nutrientes e de células que são necessários para a reparação tecidular.

2. Fase de reparação – após a inflamação cessar inicia-se a fase de reparação, na qual se irão formar novas fibras de colagénio, novas fibras musculares ou novo tecido ósseo, e ao longo da qual existe também uma “limpeza” do tecido necrótico.

3. Fase de remodelação – nesta fase dá-se a maturação do novo tecido formado, a reorganização do tecido cicatricial e a recuperação da capacidade funcional.


Agora que já vimos como é que o nosso corpo responde a uma lesão, vamos ver o que é que podemos fazer após nos lesionarmos. Como seria de esperar, cada fase terá objectivos e abordagens diferentes. No entanto aquela em que nos vamos focar é na fase inflamatória, ou seja, logo a seguir à lesão.


Existem 2 tipos de abordagens que podemos realizar: PRICE e POLICE:


P- Protection (Protecção)

R- Rest (Repouso)

I- Ice (Gelo)

C- Compression (Compressão)

E- Elevation (Elevação)


P- Protection (Protecção)

OL – Optimal Loading (Carga óptima)

I- Ice (Gelo)

C- Compression (Compressão)

E- Elevation (Elevação)


Como podemos ver estas duas abordagens apenas diferem num aspecto: Uma sugere repouso enquanto que a outra sugere que seja dada uma carga óptima à zona lesionada. A abordagem PRICE tem sido a mais utilizada ao longo das últimas décadas, enquanto que a POLICE foi uma abordagem sugerida por Bleakley, Glasgow e MacAuley em 2012. Segundo estes autores, o repouso pode ser necessário logo após a lesão, mas deve ser restringido a um período de curta duração, dado que pode provocar alterações não desejáveis ao nível da biomecânica e da morfologia dos tecidos que envolvem a zona de lesão e, desta forma, aumentar o tempo de recuperação. Assim, de modo a substituir períodos longos de repouso foi apresentado o conceito de “optimal loading”, que significa introduzir uma carga adequada com um aumento progressivo na zona de lesão, de modo a diminuir ao máximo o tempo de recuperação e a melhorar a funcionalidade dos novos tecidos.

Então qual o melhor método? A evidência científica actual defende que devemos começar solicitar movimento à zona lesionada o mais rápido possível de modo a reduzir as complicações da inactividade física ao máximo. No entanto não se esqueçam de consultar um Fisioterapeuta de modo a que vos possa aconselhar nas actividades que podem e devem fazer e nas actividades que devem evitar durante uns tempos!



Numa nota pessoal, além de gostar de introduzir movimento o mais cedo possível também não sou adepto de aplicar gelo durante um período prolongado ou medicação anti-inflamatória (a não ser que seja mesmo necessário), de modo a não reduzir demasiado a intensidade da resposta inflamatória, que, como já vimos, também é importante. Gosto também de reforçar que apesar de termos uma lesão numa perna (ou noutro local qualquer) continuamos a ter outra perna, um tronco e dois braços que podemos continuar a mexer e treinar sem qualquer problema. Não se esqueçam que apesar de não poderem fazer certas actividades, existe MUITA coisa que se pode continuar a fazer. Se param completamente, não é só o local da lesão que sofre consequências mas sim todo o corpo devido à inactividade física, o que também pode atrasar o processo de recuperação!


Referências Bibliográficas:

· Allen, J., Sun, Y. & Woods, J. (2015). Exercise and the Regulation of Inflammatory Responses. Progress in Molecular Biology and Translational Science, 135, 337-354

· Bleakley, C., Glasgow, P. & MacAuley, D. (2012). PRICE needs updating, should we call the POLICE?. British Journal of Sports Medicine, 46, 220-221.

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