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Mais um filho... Abdicar para ganhar, por Andréia Sécio

Estava mais do que decidido e planeado. Não sabia se um dia iria ter novo amor, nem pensava muito nisso, mas ter mais filhos era coisa que acreditava não ser para mim. Sempre quis ter 3 ou 4 filhos, mas depois do divórcio, os meus 2 preenchiam-me e bastavam-me.


No dia em que percebi que estava apaixonada, soube que queria ter um filho com aquele homem que estava a tornar o meu mundo tão colorido. Senti o desejo profundo de dar vida ao amor avassalador que estava a tomar conta de nós.


Deus quis que este bebé viesse mais cedo do que tínhamos planeado. Eu diria que veio na melhor altura. Foi a forma perfeita para unir as nossas 2 famílias, já tão solidificadas na sua individualidade.


Ter um bebé não é uma decisão de circunstância. Implica abdicar de muito. Exige esforço, dedicação, sacrifício e entrega.

Quando se tem 2 filhos com autonomia suficiente para comer, vestir, andar e ir à casa de banho sozinhos, ter um novo bebé significa perder tudo isso. No meu caso, ter 2 filhos que dormem a noite toda até às 10h da manhã e saber que isso deixará de ser possível, causa dor até ao tutano.


Costumo dizer que, nisto de ter filhos, são mais os dissabores que os sabores.

Contudo, as coisas boas compensam as outras todas, de uma forma pouco racional e lógica. Quando decidimos ter mais filhos é sinal de que queremos mais dessas compensações que temos recebido.


Eu estava numa fase boa e estável. Naquelas linhas lisas que revelam tranquilidade. Estava realizada e feliz. Não sei bem como, nem porquê, a vida quis que a linha se tornasse num pico, com a vinda de uma nova filha. A menina que desejei dar a este pai de 3 rapazes.


Conquistar a felicidade requer que abdiquemos de algo. Eu abdiquei do meu tempo,

do meu corpo, da minha estabilidade, de tudo o que tinha organizado e planeado.


Queixo-me muitas vezes e digo mal da minha vida, principalmente, quando durmo pouco. Quase não me encontro e tenho a minha vida em pausa. Vivo com uma bebé acoplada a mim, totalmente, dependente. Tenho de a servir e proteger. Porém, quando a olho e a cheiro, quando observo o olhar doce do pai a segurá-la, tudo faz sentido e tudo vale a pena.


Sim, sinto falta da vida serena e controlada que tinha.

Sinto falta do descanso e de tempo para mim. Contudo, não há como esta criança não fazer sentido.

É incrível como tão pequenina já ocupa tão bem o seu espaço nesta família. Não seríamos quem somos sem ela.

Não seríamos tão felizes sem ela.


AS

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