Tenho 36 anos e sou mãe de 2, com o sonho de ser mãe de 4. Tenho Uma Família Raríssima, devido à doença rara do meu mais novo, que deu origem ao Blog com o mesmo nome.
Lembro-me de querer ser mãe, desde que era ainda uma criança. Essa era das minhas brincadeiras preferidas. Todos os meus bonecos foram, um dia, meus filhos.
Quando engravidei fiquei com medo até de respirar. Os filhos fazem de nós novas pessoas. Deixamos a mulher velha, para sermos a mulher nova. Haverá coisas que até perdemos, naturalmente. Porém, são inúmeras as coisas que em nós se desenvolvem. O coração ganha maior volume, aguçamos o engenho e a capacidade de inovar e nos adaptar a tudo o que nos aparece à frente, como se ganhássemos mais braços e mais pernas. Damos conta de tudo, chegamos a todo o lado.
Na maioria dos casos, só há uma coisa que fica esquecida e à qual não conseguimos chegar: a nós próprias.
Vivemos, na totalidade, para esses seres que saem de nós, que nos consomem o que temos e o que não temos. Na verdade, somos nós que nos deixamos consumir por eles. O amor que experimentamos é tanto e tão forte que parece ser mais importante que tudo, até que nós, as suas mães. Depois, cada uma fará o seu caminho, umas recuperam-se, outras vivem (quase) anuladas, para viverem, apenas, para os seus filhos. No meu caso, já experimentei as duas opções. Para mim, não há nada como um equilíbrio, entre este amor sufocante e o amor próprio.
Não sou mestre em maternidade, mas vivo essa condição dos pés à cabeça. Tento absorver, tudo o que posso e consigo, sobre essa matéria, fazendo uma séria triagem entre o que se aproveita e o que é excessivo. Vejo-me como uma mãe descontraída e pragmática. Contudo, há um ponto no qual sou muito focada: o desenvolvimento do coração e da auto-estima dos meus filhos.
Nada, para mim, é mais importante que trabalhar os seus corações para o bem, para o respeito e para o bom relacionamento com os outros.
Na mesma medida, considero que educar miúdos felizes, bem resolvidos e confiantes é a meta a atingir, enquanto mãe.
Não me interessa o que vão ser, o que vão fazer e quantos erros vão cometer. Só desejo que tomem decisões de forma confiante e determinada, de acordo com a sua vontade e objectivos. Que acreditem nas suas capacidades e lutem para conseguir alcançar o que pretendem.
Quero ser a mãe que está quando é precisa. A mãe que não julga, nem manipula. Quero ser a mãe que sabe amar, sem consumir ou abafar. Quero ser a mãe que ensina a caminhar, mas que os deixa seguir o seu próprio caminho. Que eles saibam que a mãe estará sempre cá para os receber, quando quiserem voltar, para o colo que só uma mãe consegue dar.
AS
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