Poderia “estender-me” sobre os 650 músculos, ou os 206 ossos do corpo humano. Poderia desenrolar toda esta temática adicionando toda a complexidade do nosso sistema neurológico e toda a interação dos nossos órgãos e sistemas do organismo.
Mas o intuito deste artigo é simplificar e passar de uma forma lógica e sucinta as alterações fisiológicas do nosso corpo, no momento do treino.
Espero que isto vos esclareça sobre a necessidade ou não de utilizar máscara durante o treino, ou manter o distanciamento e outros cuidados acrescidos a esta nossa “nova” realidade.
Ao iniciarmos uma nova tarefa, o nosso corpo procura “reorganizar-se”, não só para tornar o movimento possível, mas para ser eficiente e seguro fazê-lo. Contudo, mais movimento implica outras necessidades do nosso corpo e uma delas é o oxigénio. De forma a conseguirmos adquirir mais oxigénio, é necessário aumentar a ventilação pulmonar, mas isso não pode acontecer sem aumentar a frequência cardíaca (para que o oxigénio seja também transportado para as células que necessitam dele). Consequentemente existe um aumento da pressão arterial. Por outro lado, enquanto os músculos são estimulados pelo exercício eles continuam a produzir e consumir energia e desta resulta um aumento de temperatura. Como o nosso organismo não consegue funcionar corretamente com uma temperatura elevada, ele procura estratégias de arrefecimento e para isso é aumentada a produção de sudorese (suor), que, em contacto com o ar, evapora e permite-nos baixar a temperatura corporal.
Esta forma de adaptações – durante o período do exercício – denominam-se de adaptações agudas e variam consoante o tipo e duração do esforço e ainda a nossa preparação de base (ou também denominada de condição física).
Apesar destas adaptações se cingirem ao período do esforço, algumas destas não tem a possibilidade de se extinguir de imediato, por isso, prolongam-se até ao nosso corpo ser capaz de restabelecer os valores iniciais de repouso.
Mas, afinal de que forma é que isto está ligado ao novo COVID-19?
A propagação deste (e outros) vírus faz-se através das partículas expelidas pelo nosso corpo. Na rotina do dia-a-dia isto ocorre em menor quantidade e apenas através de espirros ou tosse, mas como expliquei em cima o nosso corpo não funciona dessa forma durante o treino. Como temos uma maior frequência respiratória (como quando ficamos ofegantes) e existe um aumento da sudorese, existe assim um aumento nessas partículas no ar que nos rodeia. Poderíamos solucionar um dos problemas através da utilização de máscara, mas como referi em cima, o nosso corpo necessita de mais oxigénio e a máscara limita a renovação do ar, o que faz com que exista uma menor concentração de oxigénio no ar inspirado. Isso, para além de desconforto, acarreta outras limitações e problemas no nosso organismo.
Como tal, a melhor solução passa mesmo por respeitar o distanciamento durante o treino, e para facilitar nós balizámos o espaço de cada atleta para que seja seguro treinar connosco.
Se ainda não retomou à sua rotina de treino, não espere mais. De certeza que se ainda não o fez, já sente diferenças no seu corpo e não deverão ser boas.
Venha descobrir os benefícios do treino, connosco.
Rita Machado, instrutora de Fitness e PT