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Obesidade infantil, por Maria João Andrade

Nas últimas décadas a obesidade tem atingido proporções epidémicas, a nível mundial e em todos os grupos etários.

De acordo com a British Medical Association, a causa primária deste aumento está relacionada com o equilíbrio de energia:

as crianças ingerem grandes quantidades de alimentos face a uma prática de atividade física reduzida.



Este problema é ainda agravado pelo facto de a obesidade, quando surge na infância, geralmente persistir na fase adulta, dado que é um durante os períodos críticos de desenvolvimento do tecido adiposo que se regista um aumento do número de células gordas. Por esta razão é crucial para a prevenção da obesidade a limitação de ganho de peso durante a infância e a adolescência, de modo a evitar a proliferação de adipócitos.

Embora a genética talvez seja um dos fatores que mais contribuem para a obesidade infantil, o constante aumento da obesidade infantil nos últimos anos indica que os genes não são a única causa pois, se o número de nossos antepassados que sofriam deste problema era muito inferior, isso significa que os nossos genes não podem ter mudado assim tanto em tão pouco tempo.

De fato, embora existam muitos casos em que as causas da obesidade infantil são genéticas e hormonais, a maioria dos casos de excesso de peso resulta do fato que as crianças dos nossos dias comem muito e exercitam-se pouco.


Existem dois fatores que têm contribuído muito para esta nova tendência nos hábitos alimentares:

1. O primeiro fator é que os pais que trabalham fora encontram menos tempo e energia para preparar as suas refeições, acabando assim por recorrer cada vez mais ao consumo de fast-food. É por isso que existem cada vez mais restaurantes especializados nesse tipo de comida espalhados por todo o mundo. O problema é que geralmente esse tipo

de comida tem uma elevada concentração de açúcar e de gorduras, sendo oferecido em irresistíveis porções maiores.

2. O segundo fator é que as pessoas têm substituído o leite e a água por refrigerantes. Segundo estudos, uma pessoa que bebe apenas cerca de 600 ml de refrigerantes por dia pode chegar a engordar cerca de onze quilos por ano.

Na adolescência, alguns fatores como as alterações da fase de transição para a idade adulta, o sedentarismo, a baixa autoestima, alimentação excessivamente calórica e grande vulnerabilidade à propaganda consumista, contribuem na determinação da obesidade. Para além disso, outros problemas surgem, como os ataques de bullying e outros tipos de discriminação, o que poderá provocar consequências diretas na sua autoestima e a quebra no seu rendimento escolar. Se não receberem apoio especializado poderão sofrer ainda de depressão ou outras doenças do foro psicológico quando atingirem a idade adulta.


Para além destas causas poderem, ainda, ser referidas outras mais, tais como:

- Mudança do Padrão Alimentar com Maior Ingestão de Gorduras;

- Irregularidade nos Horários das Refeições;

- Acesso a Alimentos “Fast Food”;

- Falta de Controlo dos Pais;

- Instabilidade Familiar;

- Alterações Psico-Sociais;

- Factores Genéticos Associados.


Pode-se ainda falar de outros factores associados:

- 95% da obesidade na infância pode ser considerada exógena;

- 5% representam as desordens endócrinas e síndromes genéticas;


Riscos:

- nenhum dos pais é obeso = 9%;

- um dos pais é obeso = 50%;

- ambos obesos = 80%


Quando falamos em obesidade infantil, não podemos deixar de mencionar uma questão muito importante: a falta de atividade física. Na verdade, em média, uma criança com apenas 3 anos pratica apenas cerca de vinte minutos por dia de atividade física moderada a vigorosa. Esta tendência sedentária deve-se principalmente ao fato de as crianças passarem demasiado tempo em frente à televisão, sendo mesmo incentivadas pelos pais a fazerem isso para que não os incomodem. Em vez disso, seria bom que os pais incentivassem os seus filhos a fazerem coisas divertidas como jogar à bola ou andar de bicicleta.

Normalmente, os nutricionistas não recomendam dietas restritivas às crianças pois isso poderá comprometer o crescimento e a saúde delas. De modo que, uma das melhores estratégias para combater o excesso de peso nas crianças é por fazer um esforço para melhorar a qualidade da alimentação e também os níveis de exercício de toda a família.

Se toda a família fizer um esforço para ter hábitos saudáveis, estes também farão parte da vida dos seus filhos no futuro, promovendo assim uma vida mais saudável.


Os sintomas da obesidade infantil

Nem todas as crianças que carregam quilos extras estão acima do peso ou obesos. Algumas crianças têm maior do que os quadros médios do corpo. E as crianças normalmente carregam diferentes quantidades de gordura corporal nas diferentes fases de desenvolvimento. Então você não pode saber só de olhar para o seu filho se o seu peso é um problema de saúde.

O médico pode ajudar a descobrir se o peso da criança pode causar problemas de saúde, usando gráficos de crescimento e, se necessário, outros testes.

Os pais são os que compram a comida, que cozinham os alimentos e decidem onde o alimento é ingerido. Até mesmo pequenas mudanças podem fazer uma grande diferença na saúde do seu filho.


Aqui ficam algumas dicas, para que possa dar um bom exemplo:


Certifique-se que compra alimentos saudáveis, e que escolhe frutas e legumes;

Alimentos de conveniência, como as cookies, bolachas e refeições preparadas, muitas vezes são ricos em açúcar e gordura. Há sempre lanches saudáveis disponíveis;

Limite as bebidas adoçadas, incluindo os sumos de fruta engarrafados. Estas bebidas fornecem pouco valor nutritivo, em troca de altas calorias;

Sentem-se juntos para as refeições da família. Transforme este momento num evento - um tempo para partilhar notícias e contar histórias.

Desencoraje o seu filho de comer à frente de um ecrã, seja de uma televisão, computador ou telemóvel. Isto leva a uma alimentação rápida e baixa a consciência do quanto se está a comer;

Limite o número de vezes que come fora, especialmente em restaurantes fast-food. Muitas das opções de menu são ricos em gordura e calorias;

Enfatize os benefícios do exercício: para além de ajudar a controlar o peso, faz com que o coração, pulmões e outros músculos mais fortes trabalhem melhor e ajuda as crianças a dormir bem à noite e ficar alerta durante o dia. Tal hábito estabelecido em adolescentes ajuda a manter o peso saudável da infância, apesar das alterações hormonais, crescimento rápido e influências sociais que muitas vezes levam a excessos;

Seja paciente. Perceber também, que um intenso foco sobre os hábitos alimentares do seu filho e sobre o peso pode facilmente sair pela culatra, levando a criança a comer demais ainda mais, ou, eventualmente, tornando-a mais propensa a desenvolver um distúrbio alimentar.

Seja responsável sobre o seu próprio peso. A obesidade ocorre frequentemente em vários membros da família. Se você precisa de perder peso, isso irá motivar o seu filho a fazer o mesmo. Não espere que seu filho faça algo que você não está disposto a fazer por si mesmo.

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