(Fatores psicológicos envolvidos no processo de perda de peso – Parte I: a motivação)
Se está a ler este post, provavelmente está desperto(a) para a associação entre o excesso de peso e uma vasta gama de problemas de saúde: apneia do sono artrite, diabetes mellitus tipo II, doenças cardiovasculares, doença oncológica, entre outros.
Mas... se já ouvimos, lemos e vimos as complicações associadas ao excesso de peso, porque razão é tão difícil?
Sabia que apenas 20% dos indivíduos são bem-sucedidos na perda de peso e manutenção dos resultados?
Que fatores interferem nesta desistência e no insucesso?
Comecemos hoje por falar da MOTIVAÇÃO:
Podemos dizer que existem dois grandes tipos de motivação: a motivação extrínseca e a motivação intrínseca.
A motivação extrínseca é guiada por recompensas externas como dinheiro, fama, elogios, entre outros. Este tipo de motivação vem tipicamente do exterior e opera segundo a máxima “se... então” (por exemplo: “se cumprir o plano dietético de 2ª feira a sábado, no domingo posso comer tudo o que quiser”).
A motivação intrínseca é guiada pelas consequências positivas que advêm naturalmente das situações ou tarefas. Este tipo de motivação tem origem no próprio indivíduo, e não em fatores externos ou no desejo de obter uma recompensa (por exemplo, em vez de fazer abdominais para ficar mais bonito(a), faço-o pelo prazer que retiro dessa atividade).
Cada um destes tipos de motivação tem aspetos positivos e negativos associados.
A motivação extrínseca pode ser excelente quando utilizada a curto-prazo – todos sabemos que pode ser extremamente motivador caber nas calças de ganga que usámos no secundário, ver menos 5 kg na balança ou receber elogios por parte dos outros. De facto, no início do processo de perda de peso, a motivação extrínseca pode assumir um papel muito importante, ao funcionar como um gatilho.
No entanto, se utilizada de forma contínua e como a principal fonte de motivação, a motivação extrínseca pode não ser um aspecto tão positivo: há o risco de se atingirem os objetivos mas perder-se a motivação necessária para manter os resultados; ou de os reforços externos não serem tão positivos como antecipado, conduzindo a um estado depressivo e perda de motivação para manter um estilo de vida mais saudável.
Quanto à motivação intrínseca... podemos dizer que a longo-prazo é indispensável para o sucesso de um programa de perda de peso.
As pessoas que são movidas pela motivação intrínseca na perda de peso, tendem a encontrar satisfação nos componentes fisiológicos e psicológicos de ser mais saudável do que na mudança estética. Esses componentes podem ser, por exemplo, a melhoria
do humor e do nível de energia. Contudo, existem momentos em que este tipo de motivação parece não ser suficiente para conduzir à mudança.
Assim, tanto a motivação intrínseca como a motivação extrínseca são importantes no processo de perda de peso, cada uma desempenhando um papel essencial – se a motivação extrínseca é o fator que muitas vezes nos catapulta para o início do processo, permitindo manter o esforço quando são alcançados os primeiros sinais de sucesso; a motivação intrínseca é o que nos permite continuar e manter o esforço, mesmo quando os resultados exteriores são mais lentos a aparecer.
É, então, compreensível que a avaliação prévia e o trabalho da motivação e expectativas seja um fator determinante para o sucesso do seu processo de mudança.
Que tipo de motivação o conduziu a iniciar o seu processo de mudança de hábitos?
Consegue identificar motivações dos dois tipos?
Como é que a motivação foi evoluindo ao longo do processo?
O meu nome é Sara Machado. Sou Psicóloga Clínica e da Saúde e estou disponível para a apoiar em processos de mudança de hábitos de vida.
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