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Socorro, sou mãe!

O elogio e a recompensa: a sua importância na gestão dos comportamentos da criança


É importante reforçar e elogiar o comportamento desejado da criança, reduzindo o mais

possível os comentários negativos, o que não significa ignorar os comportamentos desajustados. Na ausência de atenção positiva, a criança vai continuar a procurar atenção, mesmo que negativa (seja pela crítica, reprimendas, etc.), o que ajuda a manter comportamentos desajustados, pois a criança aprende que essa é a única forma de ter atenção.


ELOGIOS

Os elogios não devem ser vagos, mas sim específicos e adequados a determinada situação, de forma a tornarem-se eficazes. Por exemplo, quando a criança finalmente põe a mesa por iniciativa própria, em vez de se lhe dizer: “Já estás crescidinha a ajudar a mãe!” ou “Finalmente… Não fazes mais do que a tua obrigação”, é preferível dizer à criança “Estou muito contente por pores a mesa sozinha, sem eu mandar!”. Deve ser-se específico no que se gosta no comportamento da criança e, acima de tudo, não dar falsos elogios.


Algumas DICAS RÁPIDAS para um elogio eficaz:

* Descreva o que vê – “vejo o chão limpo, a cama bem feita e os livros bem organizados na

prateleira”.

* Descreva o que sente – “é um prazer entrar neste quarto”.

* Resuma o comportamento da criança digno de elogios numa palavra – “separaste os lápis, os lápis de cera e as canetas e puseste-os em caixas separadas. É a isto que eu chamo organização.


RECOMPENSAS

Para além do elogio, as recompensas concretas são outro tipo de reforço a que é possível

recorrer para motivar as crianças a aprender um comportamento particularmente difícil. Uma recompensa concreta é algo de específico – privilégios adicionais, autocolantes, uma pequena comemoração, oportunidade de passar algum tempo ou fazer alguma actividade com alguém em especial (amigo, membro da família,…). Contudo, é importante continuar a utilizar as recompensas sociais (exemplo: elogio) em simultâneo com as recompensas concretas. Estas últimas podem ser atribuídas de forma espontânea (como uma surpresa) ou programada (existindo, neste caso, uma negociação e um acordo com o seu filho quanto aos comportamentos-alvo e aos incentivos/privilégios atribuídos).

1. ESTABELEÇA OBJETIVOS:

* Seja específico relativamente ao comportamento apropriado (“portar-se bem” é um

objetivo pouco específico, contrariamente ao objetivo “não correr no supermercado”).

* Estabeleça pequenos passos e trabalhe para grandes objetivos – um bom programa de

recompensas incorpora os pequenos passos necessários para atingir um objetivo

estabelecido. Comece por observar a frequência de ocorrência de comportamentos

desadequados, durante um período de alguns dias. Com essa informação poderá começar a reforçar os comportamentos adequados do seu filho – se, por vezes, consegue percorrer um corredor de supermercado sem correr ou gritar esse será o primeiro comportamento a reforçar.

* Estabeleça etapas adequadas – as etapas não devem ser muito fáceis nem muito difíceis, correndo o risco de causar desmotivação na criança. No início é necessário reforçar as crianças repetidamente, sendo que posteriormente os reforços devem começar a ser gradualmente espaçados, até se tornarem desnecessários (a aprovação parental passará a ser suficiente para manter o comportamento desejado).

* Selecione cuidadosamente o número de comportamentos – há três aspetos a considerar

quanto à decisão sobre o número de comportamentos a tentar ensinar em simultâneo a

uma criança:

1. a frequência de cada comportamento - Comportamentos mais frequentes como

birras, desobediência, discussões vão exigir muita supervisão parental, aumentando a

dificuldade de monitorização e, por esse motivo, não se devendo acumular a observação

de vários destes comportamentos. Comportamentos menos frequentes, como fazer a cama, fazer os trabalhos de casa e vestir-se, podem ser incluídos em maior número na tabela de recompensas).

2. o estádio de desenvolvimento da criança – As crianças pequenas precisam de

programas que possam compreender facilmente e que se foquem em um ou dois

comportamentos simples de cada vez. À medida que vão crescendo (idade escolar e

adolescência), os programas de recompensas concretas podem tornar-se mais complexos

porque elas compreendem e memorizam-nos melhor. Por outro lado, os comportamentos

problemáticos são menos frequentes nestas idades e, então, mais fáceis de monitorizar.

Assim, para uma criança em idade escolar seria razoável estabelecer um programa que

incluísse fornecer autocolantes por fazer a cama, arrumar a roupa, fazer os trabalhos de

casa.

3. avaliar o que é realisticamente possível para si fazer (pode, por exemplo escolher uma hora do dia para dar atenção aos comportamentos-problema).

* Concentre-se nos comportamentos positivos – é importante identificar os comportamentos positivos concretos que devem ser adotados, em vez dos negativos, e incluí-los no sistema de recompensas.

2. ESCOLHA AS RECOMPENSAS

* Opte por recompensas pouco dispendiosas – tentar limitar o custo de todo e qualquer

elemento da lista de recompensas a um euro.

* Programe as recompensas diárias e semanais – por vezes os pais prolongam o período

de tempo até que os filhos possam receber as recompensas, o que se traduz em

desmotivação para o alcance do comportamento desejado. Calcule quantos autocolantes

ou pontos podiam ser ganhos por dia se o seu filho cumprisse o programa a 100%. A lista

deve conter prémios que exijam menos autocolantes, para que a criança possa reclamálos

quando tiver alcançado, durante esse dia, cerca de 2/3 dos comportamentos desejados. Com a existência de prémios que exigem um maior número de autocolantes e,

por isso, de tempo para serem adquiridos, a criança pode optar entre poupar os

autocolantes ou pontos durante 15 dias para obter um prémio maior ou gastá-los na altura

ou mais próximo da altura em que os recebe.

* Envolva as crianças no programa – procure saber o que é mais compensador para o seu

filho e prepare uma ou duas propostas para o caso de ele não ter sugestões iniciais, mas

procure saber a sua opinião.

* Primeiro o comportamento apropriado, depois a recompensa – “Se ficares quieta no

supermercado levo-te ao parque a seguir” em vez de “Dou-te um chocolate se prometeres

ir para a cama a seguir”.

* Utilize recompensas concretas para premiar as vitórias do dia-a-dia – este princípio

assenta no princípio do estabelecimento de etapas adequadas. Existem casos em que os

pais apenas premeiam comportamentos como ter um 5 ou limpar a casa toda, passando a

mensagem de que os comportamentos do quotidiano não têm importância.

* Substitua recompensas concretas por aprovação social – o recurso a recompensas

concretas deve ser sempre entendido como uma medida temporária, para ajudar as

crianças a aprenderem condutas novas e difíceis, e devem vir sempre acompanhadas de

recompensas sociais.

* Mantenha uma clara separação entre os programas de recompensas e a disciplina – se

são retirados autocolantes à criança devido a um comportamento inadequado os

autocolantes adquirem uma conotação negativa. Os pais devem mostrar de forma clara

que se sentem satisfeitos com o sucesso obtido pela criança e que reconhecem que tal

sucesso se deve ao seu esforço (para mais detalhes e exemplos, ver a secção Elogios).


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