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Uma partilha, por Maria João Madeira

Hoje quero partilhar com vocês algumas inquietações que sinto!


Tenho 2 filhos, um menino e uma menina 😊. Duas gravidezes ótimas, dois partos que me proporcionaram experiências completamente diferentes e dois pós partos com desafios em nada semelhantes!


Trabalho com o corpo há quase 30 anos e foi aquando a primeira gravidez que fiquei mais curiosa com as questões relacionadas especificamente com a gravidez e com o pós parto. Investi em formação específica, e sendo impossível esquecer a pessoa que sou e a profissão que tenho, a minha própria experiência, tem-me ensinado imenso.


Tenho a sorte de ter na bagagem corporal uma cesariana e um parto vaginal. Consigo entender agora muito melhor assuntos que havia lido ou situações que me tinham relatado, referentes a estes dois contextos e suas consequências.


Desde muito jovem que o movimento, o treino e a performance, me despertam a atenção. Com o passar dos anos e com o crescer de conhecimento, sinto que cada vez mais valorizo e respeito o CORPO, o nosso instrumento de vida! É ele que nos permite tudo, por isso penso que devemos cuidar dele, em todos os sentidos!


Por esta razão, tenho alguma dificuldade em entender algumas coisas... Confesso que tenho momentos que, como mulher, me sinto sozinha; como profissional me sinto frustada, e como pessoa me sinto revoltada!


Como mulher em pós parto, sinto que a informação para uma recuperação adequada não circula como deveria. Os vários profissionais que nos acompanham ao longo de toda a gravidez deveriam alertar para certos tópicos. E nós, mulheres, deveriamos cuidar de nós, como cuidamos dos outros, estar atentas às sensações, dores, desconfortos... e querer recuperar o corpo e toda a sua funcionalidade. Sinto que há alguma preocupação em se recuperar o peso antes da gravidez e a barriga. Já se ouve falar em diástese, e apesar de ser numa vertente com preocupação estética, já é um princípio. Mas e soalho pélvico? Cicatrizes? Dor na relação sexual? Perdas de urina? Orgãos descaídos? Dor na coluna? E vou ficar por estas questões mais físicas...


Eu sou uma pessoa que faço exercício desde sempre, desde de competição até à terapia para recuperar das cirurgias à coluna. Considero que tenho uma boa noção corporal e uma boa capacidade física. Tenho ainda um conhecimento bastante alargado que me permite perceber o que se passa com o meu corpo e que medidas deverei tomar. Posto isto, tenho tido algumas dificuldades em resolver certas questões relacionadas com a gravidez e com o parto em si. E às vezes parece que sou a única! Será que sou a única mulher cujo corpo mudou? Será que sou a única que não ficou igual ao que estava antes do parto? Ou será que simplesmente não se falam dessas consequências, porque não fica bem? Ou pior ainda, não se fala porque não se valoriza ou nem sequer se tem consciência do problema?


Como profissional tento informar, aconselhar e solucionar quando me permitem. Contudo, noto alguma resistência no que diz respeito a aspetos principalmente no pós parto. Durante a gravidez sinto que há mais facilidade (e tempo) para a mulher cuidar dela. Após o parto, a maioria das mulheres desaparece do ginásio. Não digo que seja fácil, a vida adulta pode ser muito exigente no que toca gerir um número infindável da tarefas, no entanto, devemos por os pratos na balança e medir o que realmente é importante. O bebé é a prioridade e a mulher consegue muito facilmente entrar no papel de servir os outros e simplesmente ignora-se. Ignora os desconfortos que tem, ignora as dúvidas que tem... mas o tempo passa, o corpo vai ficando menos jovem e os efeitos do envelhecimento nos problemas não resolvidos, poderiam ser evitados ou minimizados. Problemas esses que, para além de desagradáveis, alteram a auto-estima, a mobilidade e a funcionalidade. E não precisa de ser assim!


Como pessoa fico indignada porque gostaria de ser informada de forma profissional e imparcial por cada profissional que me atende, de cada instituição. E isso não acontece! Por outro lado, as mulheres, muitas vezes não querem... não entendo como a dor causa mais ação do que o amor ao corpo e á saúde...


Por todas estas razões, no nosso ginásio tentamos fazer diferente!

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