Apesar da “nossa” (minha e do meu marido) gravidez ter sido planeada, nunca sabemos quando acontece. E mesmo estando à espera, somos sempre apanhados de surpresa!
O primeiro sinal que tive foi o atraso, de 1 ou 2 dias, da menstruação (nunca atrasa), acompanhado de algumas mudanças no corpo.
O segundo sinal foi o teste da farmácia. Quando vi a segunda risca a aparecer, fui reler as instruções, para me certificar de que estava a interpretar o teste correctamente.
O terceiro sinal… não houve terceiro sinal… comecei a chorar… não sabia se estava assustada, contente ou em pânico… fui contar ao meu marido e ele, com um enorme sorriso, perguntou-me porque chorava e se não estava feliz. Foi o suficiente para assentar os pés na terra. Passamos o resto do dia com um sorriso na cara e ele, cantarolava baixinho “vamos ter um bebé, vamos ter um bebé”.
A partir deste momento, seguimos as indicações “by the book”: consulta com o médico, análises, exames, eliminar determinados alimentos, tomar os suplementos recomendados… A primeira ida ao médico foi inédita! Disse, pela primeira vez na minha vida “estou grávida” e na ecografia que fizemos naquele dia, apareceu uma coisinha de 2,4mm que tinha um batimento cardíaco super rápido! “Estás mesmo aí” pensei eu :)
Depois de passar a euforia de querer contar a toda a gente, comecei a sentir algum receio em relação à saúde do bebé.
Será que me alimentei bem durante estes últimos meses?
Será que fiz alguma asneira que vai afectar a formação dele?
Será que por ter 38 anos ponho em risco a saúde dele?
Será? Será? Será?
Fui atacada pelos medos de falhar que uma mãe tem, mas neste momento, nada depende da minha vontade. Por isso tentei afastar todos estes pensamentos negativos, que indirectamente irão influenciar o bebé.
Respirei fundo quando fiz a ecografia do primeiro trimestre e recebi os resultados do rastreio bioquímico. Ufa… parece estar tudo bem.
Contudo, apesar de tudo isto, ainda não me sentia grávida… a barriga era mínima, a gravidez não desencadeou nenhum problema grave e por isso, a minha vida não sofreu nenhuma alteração.
Comecei a sentir-me grávida por volta da 15ª semana (cerca de 4 meses), quando comecei a dar a notícia aos meus amigos e alunos. Mas foi na 18ª semana (cerca de 5 meses), quando me apercebi que aquelas sensações estranhas na barriga eram os movimentos do bebé, que este bebé começou a ser real! E quando, 2 semanas mais tarde, fui a chorar ao posto médico porque não sentia nenhum movimento, aí ficou mais que certo de que já não sou só eu! E este é um momento mágico!!!
Foi a partir daqui que o interesse pelo fenómeno gravidez ganhou força! Considero ser importante estarmos informados para perceber melhor o porquê das coisas, reconhecer sinais de perigo e formarmos a nossa própria opinião e postura perante a gravidez. A minha melhor amiga (mãe de segunda viagem ao mesmo tempo que eu) emprestou-me alguns dos seus livros e relatou-me muito da sua experiência; fizemos (eu e o meu marido) um curso de preparação pré-parto, que foi extremamente esclarecedor; e como o exercício está presente em todas as fases da minha vida, tirei uma formação sobre exercício durante a gravidez e no pós-parto.
Durante os restantes meses foi deixar a barriga crescer e usufruir da melhor maneira este fenómeno! Trabalhei até ao último dia, treinei todos os dias, nunca me senti pesada, não aumentei muito de peso, conversei muito com o bebé (principalmente enquanto nadava), fiz provas de natação até aos 6 meses, fizemos uma viagem espectacular até ao outro lado do mundo, tentei filmar os movimentos da barriga quando ele se mexia (não é fácil apanhar o momento certo) e cuidei de mim da melhor maneira possível!
Ansiedades? Medo? Incertezas? Claro que sim, mas não vale a pena pensar muito nisso… é mais eficaz lidar com os problemas quando eles aparecem, do que solucionar problemas imaginários.
Mudança?
Não vou poder fazer o que fazia antes! A nossa vida mudou quando fomos para a escola, quando mudamos de escola, quando começamos a trabalhar, quando fomos para a nossa casa… já passamos por muitas mudanças e todas elas serviram para nos enriquecer.
Medo das estrias e de ficar gorda! Confesso que as estrias eram algo que me preocupava, mas fiz tudo o que seria possível fazer para as impedir: uma vida inteira de alimentação e desporto, hidratação adequada e óleo de coco. O resto estaria nas mãos da genética J
Não posso treinar ou fazer esforços. Não convém realmente fazer esforços exagerados, mas o exercício físico acompanhado por profissionais competentes é aconselhado. Para mim, dia que não treino não é dia! Claro que o treino foi mudando ao longo das semanas, para estar sempre o mais adequado possível.
Ao contrário do que estava à espera, a gravidez foi um período muito bom: nunca tive dores no corpo, as minhas costas estiveram melhor que nunca, nunca me senti cansada (sentia sono e fazia umas curtas sestas), o cabelo e a pele ficaram espectaculares, o humor andou em alta, procurei andar tranquila e ter tempo para mim. A gravidez é um momento maravilhoso da vida da mulher, caso não hajam problemas graves, e deve ser vivido como tal. O que nós fazemos, o que sentimos, o que comemos ou bebemos, o que ouvimos, o que falamos, tudo passa para o bebé. Durante 40 semanas, o bebé é o que nós somos!
A nossa influência sobre esta futura criança é gigantesca, por isso devemos fazê-la com responsabilidade, mas sobretudo com descontracção, alegria e amor!
Esta é a minha experiência enquanto grávida. Todas as gravidezes são diferentes, por isso devem ser devidamente acompanhadas pelos devidos profissionais, para que todas possam viver uns meses fantásticos.
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